Um dia no início dos anos sessenta eu estava servindo a Deus na Igreja Local quando o Espírito Santo me chamou para conversar e me disse eu quero você no ministério da Palavra. Esse chamado foi tão forte que não me deixou pensar mais em outra coisa. Comecei a buscar informações de como fazer para chegar a ser um pastor metodista. Em janeiro de 1969 fui finalmente recomendado pelo Concílio Regional na igreja de Presidente Prudente para ir para Piracicaba a fim de fazer dois cursos ao mesmo tempo. O Secular e o Seminário Regional. Mas chegando a Piracicaba soube que deveria trabalhar para me manter, pois a Igreja havia cortado a bolsa para todos os futuros pastores. Então, eu que já havia deixado minha terra e minha parentela agora me encontrava só em uma cidade grande e tendo de fazer três coisas ao mesmo tempo: Trabalhar, fazer o curso médio e o seminário. Nesse período eu comecei a enfrentar o chamado preconceito racial. Por ser negro me jogavam nos piores trabalhos que haviam para uma pessoa fazer. Foi servente de pedreiro nos construções dos prédios mais novos com campus/centro da UNIMEP, levei privadas imundas, encerei os pisos e muitas vezes o fiz doente sob os gritos implacáveis do Diretor Geral e perguntando seu não era homem para aguentar aquilo como queria ser um pastor? Esse irmão antes de morrer me confessou que fazia aqui por preconceito. Mas eu tinha um chamado de Deus e podia vê-lo me dizendo: Vamos você é vencedor. Chegou ao ponto de dois irmãos, senhores. Estêvão Barroso e João Franco ambos da Igreja Metodista da Betânia, um foi o pai do Bispo Scilla Franco, se dirigirem ao diretor geral e exigirem minha saída daquela tortura caso contrário eles iriam tomar providências. Me levariam para morar em quartinho nos fundos da Igreja e a Igreja iria pagar a minha pensão na escola, já que viam as minhas pregações e não tinham dúvidas sobre o meu chamado. Eu ia em frente. Pois tinha um chamado de Deus. O Tempo foi passando e Deus foi me honrado e falando por mim. Quando fui para FATEO eu já era pastor em duas Igrejas ao lado do Rev. Garrinson e sua Esposa Nancy. Nas férias eu morava com eles em Campinas e naquela época comecei a estudar inglês. Hoje falo inglês e espanhol. Também comecei a receber muito apoio de dona Eliza Betencourt que depois de conviver comigo mudou de idéia e viu em mim o que já via e sabia. Eu tinha um chamado. Como seminarista eu já tinha um subsídio maior do que um pastor formado naquela época (Ajuda de duas Igrejas). Saindo da FATEO Fui nomeado para Campestre(Sul de Minas). Era uma Igreja antiga e de mente fechada. Sofri muito. No final daquele ano fui enviado para servir ao mesmo tempo as Igrejas em Emilianópolis, Pacaembu, Adamantina, Lucélia além dos pontos de pregações em Osvaldo Cruz E Parapuã. Nesse tempo eu recebia a tabela mínima da Região e chegava ficar quatro meses sem receber nada. Fundi motores de meus carros a serviço da obra e tive muita dificuldade para ser reembolsado pela tesouraria Regional. Fui mandado par a Botucatu onde sofri muito e sempre recebendo a tabela mínima regional. Nunca questionei isso De Botucatu fui mandado para Anápolis (GO). Em lá chegando percebi que não tinha nem gente, nem dinheiro e nem casa para morar. Como tínhamos um bom terreno no centro e uma casa velha totalmente destruída pelo tempo em um bairro, vendi esse imóvel antigo e com a ajuda de irmãos e da Igreja Central de Goiânia, construí uma linda casa pastoral no centro com dois apartamentos e um quarto comum, mais escritório pastoral. Mas antes disso perdi todos os meus móveis que ficaram expostos no salão social da Igreja. De lá fui mandado para São José do Rio Preto, onde já era inclusive SD do Distrito. As coisas começaram a melhorar. Fui nomeado para Bauru. Não deu certo. Sofre muito e pedi muito do que já havia conquistado. Fui mandado então para Araçatuba. Lá sofri muito e passei a receber somente a tabela mínima. Mas fiquei lá por sete anos. Depois fui enviado para Piracicaba onde tinha um salario bom, carro seminovo da Igreja para trabalhar, sim bem que em Rio Preto, Bauru e Araçatuba eu também tinha carros da Igreja para trabalhar. Depois de Piracicaba fui desafiado pelo Bispo e assumir a Igreja em Lins que havia sofrido um “racha” estava sem dinheiro com a casa pastoral muito velha se sem condições para reformar. Vim. Mas quando cheguei me disseram: Aqui não tem carro, reposição integral do INSS e muito menos plano de saúde. Eu tinha tudo isso integral. E agora? Aceitei o desafio, pois eu tenho um chamado de Deus. Comecei a trabalhar e fui crescendo ao poucos junto com as limitações da Igreja. Hoje estou onde estou por trabalho sério e a certeza do chamado Irmãos eu também neguei a mim mesmo à família, parentes, tudo porque tenho um chamado. Por isso também estou certo de que Um Concílio Geral jamais com uma lei, pode interromper esse chamado aos 70 anos de idade de maneira compulsória. Isso seria passar por cima do chamado de Deus e o preço será alto.
No amor de Cristo,
Rev. Jesué Francisco da Silva.
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