COM VISTAS AO CONCÍLIO GERAL 2016.
Meus irmãos e minhas irmãs hoje eu gostaria de meditar com
vocês mais uma vez sobre a Igreja verdadeira de Jesus Cristo. Primeiramente
vejamos a forma como o próprio Jesus identifica a sua Igreja. Ele está
perguntando aos discípulos quem os homens diziam ser Ele. Os discípulos começam
a responder de uma forma vaga: “Uns dizem que o senhor é um dos grandes
profetas, outros dizem que o Senhor é Elias”. Diziam isso até porque própria
Bíblia diz que Jesus viria no espírito de Elias. Claro que isso não tem nada a
ver com a doutrina kardecista da reencarnação. Ou seja, Jesus seria o Elias
reencarnado, Não é isso. Mas sim viria agindo e pensando como Elias. Jesus
então particulariza a pergunta: E vós, quem dizeis que eu sou? Ou seja, e vocês
que estão próximos a mim o que acham? Quem eu sou para vocês? Certamente devem
ter ficado quietos por um instante até que Pedro responde: “Tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivo” Vem então a fala de Jesus: Bem-aventurado és Simão
Barjonas! “Porque não foi a carne nem o sangue que te revelaram, mas meu Pai
que está nos Céus”. Ou seja, Você falou pelo Espírito Santo. Bom até aqui nada
sobre a Igreja. Mas Jesus diz a Pedro, “Também te digo que tu és Pedro (Rocha
firme) e sobre essa Pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela. Dar-te-ei a chave do Reino dos Céus. O que ligares na
terra terá sido ligado nos Céus e o que desligardes na terra terá sido
desligado nos Céus. Aqui Jesus não está falando com Pedro e sim com a Igreja
que acabara de inaugurar sobre a firmeza da confissão de Pedro e o entendimento
espiritual com que Pedro por revelação o reconhecera. Por isso Jesus dá a essa
Igreja recém-inaugurada, a investidura de poder para legislar sobre ligar e
desligar pessoas no Reino dos Céus.
No entanto eu ainda não entrei no assunto que me chama a
atenção. Uma pergunta que não quer calar em mim: O que é a Igreja para nós. O
que e quem reconhecemos como a verdadeira Igreja de Cristo hoje em dia? Será
que sabemos? Sem dúvida a maioria responderia que sim. Mas eu insistiria, sabemos
mesmo? Falo assim baseado em nosso comportamento no trato da Igreja ou das
coisas relacionadas à Igreja. Para muitos a Igreja é o prédio onde o povo se
reúne para o culto. Para outros a Igreja são as organizações que temos em
nossas congregações. Existe um grupo
para quem a Igreja é a Instituição. Esse grupo é mais seleto. Mas é um grupo
forte em nossas Igrejas. São pessoas que fazem as Leis institucionais e velam
sobre essas instituições para serem cumpridas à risca. Para essa Gente a Igreja são as instituições,
a Igreja é aquilo que as “Leis” dizem. Eu diria sem nenhum medo de cometer uma
aberração teológica que esse grupo não sabe quem ou o que é a Igreja verdadeira
de Cristo e nem quem é o Cristo da Igreja. Jesus sempre tratou das coisas
relacionadas ao Reino de Deus de forma simples, objetiva e sem legalismos. Quem
era legalista era os “religiosos” contra quem Jesus sempre estava, e ainda está
contra. O que esses “religiosos” institucionalizados sempre mostravam à Jesus
eram os preceitos legais. Como por exemplo:
A lei diz que não se faz nada ao sábados. Como podes curar no sábado? Diziam:
“Existem outros dias na semana para serem curados. Porque vêm aos sábados”?
Como quem diz: A Lei diz que não se pode fazer nada aos sábados. Mas vocês me
diriam, pastor hoje nós não nos comportamos mais assim. Será que não? Eu jamais
diria que não, observando como estamos presos às instituições. Estamos com as
mãos algemadas pelo o institucional e com os nossos tornozelos presos com as
grandes bolas de chumbo que o institucional impõe. Assim emperramos a caminhada
da Igreja e criamos dificuldades enormes para a obra de Deus se desenvolver
plenamente e prendemos os pés da Igreja para não deixa-la caminhar com
desenvoltura. Em muitos casos o Institucional fala mais alto do que a Graça e a
misericórdia de Deus. Nós nos esquecemos de que o institucional nada mais é do
um complexo de leis que nós mesmos fizemos que é bom, mas em muitos casos pode
atrapalhar e temos que ter discernimento para não permitir que o institucional
se transforme em empecilho para a Igreja de Cristo realizar sua obra. Mas
pastor nós não fazemos isso. Não mesmo? Vejamos com honestidade a complexidade
e a inflexibilidade das nossas “Leis”. É sempre bom lembrar que Jesus disse: O
sábado foi feito por causa do homem e não o homem por causa da sábado. Ou seja,
A lei foi feita para beneficiar as pessoas e não as pessoas para beneficiarem a
lei. Jesus chama a atenção para isso quando diz: “Vocês não viram o que fez
Davi quando ele e os seus companheiros tiveram fome em um dia de sábado? Como
entraram no campo e colheram espigas para comerem?” Meus amados irmãos e minhas
amadas irmãs a lei precisa ter flexibilidade. Sem isso ela se torna aquilo que
Jesus disse: “Ai de vós escribas e fariseus! Que atais fardos pesados e os
colocais sobre os ombros dos outros. Mas vós mesmos nem com um dedo os quereis
tocar”. “Túmulos caiados...” Não estou dizendo que a lei em si e ruim.
Precisamos de leis e na Igreja também. Mas as pessoas precisam ser levadas em
conta quando um preceito legal as prejudicam. Nesse caso devemos ficar com as
pessoas. Por sermos humanos temos sempre um problema: O perigo de sermos
tendenciosos ao criarmos as nossas leis. Estamos enquanto Igreja Metodista no
Brasil para realizar mais um Concílio Geral onde vamos mexer com as nossas leis.
Pensemos nisso. Será que o quê está sendo criado ou insistindo em manter não
estaria prejudicando pessoas e até mesmo a própria Igreja? Seria muito bom que
procurássemos “ter a mente de Cristo” para fazermos, mantermos ou alterarmos as
nossas leis fazendo o que Cristo faria se estivesse em nosso lugar. Para o quê e para quem Jesus estaria
voltado? Quem ou o quê seria o seu alvo?
Sem essa reflexão nós corremos o risco de não estarmos sabendo ainda quem é
Jesus e muito menos quem é e o que faz a sua Igreja neste mundo. Ser inflexível
sempre, é bom ou ruim? Depende do contexto. Se minha inflexibilidade não levar
em conta as pessoas com suas dores, necessidades e angústias eu não passo de um
legalista e estou diametralmente em linha de colisão com Jesus Cristo e seus
ensinos. A Igreja tem autoridade dada por Jesus. Mas também tem
responsabilidade e precisa agir com sabedoria e sobre tudo no exercício do
amor. Saber quem é Jesus é exatamente o reconhecimento automático disso.
Tenhamos muito cuidado na elaboração de nossas leis. Oremos para que o próximo
Concílio Geral de nossa Igreja brasileira do qual uma de nossos membros em Lins
é delegada, não deixe erros anteriores permanecerem e nem cometam outros. O
sucesso da Missão depende disso. Jesus Não estava contra a lei. Ele disse que
veio para cumpri-la. Ele estava contra a inflexibilidade de um legalismo que
cegava e prejudicava as pessoas. Eu também jamais estaria contra as leis e sei
que elas são necessárias e boas. Mas quando são inflexíveis cegam, prejudicam e
machucam as pessoas. Amém.
Rev. Jesué
Francisco da Silva.
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